Política para o individual ou para o coletivo ?
* Caramurú
O nosso mandato de vice prefeito tem sido um verdadeiro carbureto nos meus conceitos. Temos aprendido nas ações realizadas através da nossa atuação e nos feedback da população e dos políticos. Neste artigo, refletiremos juntos sobre o objetivo final da atuação de uma personalidade pública. Faremos isto a partir de duas situações vividas.
No primeiro caso, uma situação do tipo ‘primeiro eu, do contrário, não tem valor’. Esta semana ouvi uma amiga dizer-se com raiva de mim porque, segundo ela, meu erro seria ter trazido 100 cheques reforma e não lhe ter dado um. Neste caso, de nada valeu uma centena de famílias ter resolvido problema da casa porque ela não foi inclusa. É aquela pessoa assim que “só é bom, se for primeiro eu”. Neste caso, quem trabalha passa a ser mais errado do que quem nada trouxe e, portanto, não a chateou.
Na outra extremidade desta visão, recebi uma mensagem de Lygia Azevedo que dizia mais ou menos assim: “estou achando que você precisa ir mais vezes a Brasília. Acabei de ouvi-lo na rádio e vi quantas coisas boas conseguiu para nossa cidade. Finalmente tenho visto um vice prefeito que trabalha”.
A emoção foi tanta que respondi da seguinte maneira para a professora Lygia Azevedo: “Nada do que eu trouxe beneficiará diretamente você ou um parente próximo e, no entanto, você comemora uma melhoria comunitária. Cidadã é a palavra mais próxima no meu parco vocabulário para elogiar uma postura tão substantivamente dedicada ao bem comum”.
Qual a diferença das duas ? Quem está certa ? A função política só tem efetividade se resolver a sua situação em detrimento da maioria ? Ou será que a maioria estando atendida eu posso ter a minha vida melhorada ? Você aplaudiria um benefício que chegou para alguém semelhante a tu, mas não chegou para ti ? Um investimento quantitativamente insuficiente para atender todos/as deve ser buscado ou deve-se trazer somente quando o alcance for total ?
Esta é uma reflexão educativa que desejo ver sendo feita para quem sabe ao final do nosso mandato, possamos aprender mais e melhorar a nossa prática. Mas é nossa intenção aumentar o aprendizado e fazer a sociedade refletir sobre as expectativas na classe política e o que terminam provocando na medida em que fazem da política uma letra de forró comercial: “primeiro eu, segundo eu, terceiro eu”.