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Alguém continua movimentando o contador de visitas dessa geringonça (vá ler um livro que é melhor que essa joça, Sara). Ou, como creio ser a força motriz que altera esses números misteriosamente, aqueles velhos viajantes virtuais desavisados. Seja quem for, o blog ressuscitou, acordou de um longo coma e agora almeja um retorno triunfal. Mentira. Ao menos retornou, já é um grande feito, então vamos deixar de balela e ir para o que interessa.
Mas antes, um aviso: esse texto vai soar, como nenhum outro que fiz, pelo menos para os que não me conhecem e nem conhecem minhas aspirações políticas, como invejoso. Então se você é daqueles que ainda usa Orkut e coloca “inveja e falsidade” entre as “coisas que não suporta” pare por aqui mesmo, pois esse texto pretende ser uma ode a esse pecado capital tão difundido em novelas e comerciais de televisão. Afinal de contas, todos sabem que eu sou apenas um amargurado que usa esse espaço para despejar toda minha inveja sobre temas fúteis e banais. Maldito Caim! Aviso dado, rumbora minha gente.
Lá estão eles, hedonistas, de maioria soberba e jactanciosa de um “poder” que pensam existir só por estarem um pouco acima do nível de renda da população, que é baixíssimo, diga-se de passagem. Essas são apenas algumas das características mais proeminentes das pessoas que compõem a “nova classe mérdia do interior” na nossa cidadela, e que não difere muito de outras cidades interioranas.
Esse é um mal que se alastra há tempos, mas que vem ganhando força atualmente graças às melhorias nas condições de vida de milhares de pessoas no nosso país, impulsionado boa parte pelo substancial avanço econômico gerado nos últimos anos. Explico. Não estou praguejando contra o Brasil, muito menos desmerecendo as conquistas econômicas alcançadas recentemente em terras tupiniquins. Eu quero mais é que as pessoas continuem mesmo a crescer junto com o país e ajudar a diminuir mais e mais a linha da pobreza nesse Florão da América. No entanto, agregado a todo esse avanço, origina-se o termo usado no título. Algo para o qual os cientistas sociais e políticos não atentaram ainda, mas que se torna cada vez mais uma fatídica realidade conforme avançamos economicamente. Ai meu Deus, esse texto tá muito sério. Hora de começar a acanalhar!
Todo esse avanço possibilitou, como o pessoal chapa branca de esquerda adora dizer, a quem comia um prato de comida por dia comer dois, a quem comia dois comer três, a quem era pobríssimo ser só pobre, a quem era pobre evoluir pra marromeno e pra quem era marromeno fazer um puxadinho, uma laje, comprar um fusca... É justamente esse último estágio de transição antes de consolidar-se como “classe média” que eu me preocupo e sobre o qual eu lanço meus impropérios hoje.
Nunca na história desse país houve tantas pessoas preocupadas com status e estratos. “Você vale o que você tem”. Ditado antigo né? Entre a juventude aparentemente isso é mais recente. A ganância, o orgulho, o egoísmo e a inveja, sempre ela, estão corrompendo os valores dos jovens. Quer uma prova? É só dar uma volta pelo point da galera descolada em dias de festa, a badalada Via Costeira. Garotas metidas a patricinhas proferindo anglicismos sem saber nem o português direito, plaboys se achando os reis do pedaço só porque circulam no carro do pai financiado em 872 vezes, jovens altaneiros que não tem onde cair mortos, mas o nariz é mais empinado que uma pipa só porque possuem sobrenome de família tradicional da cidade, e por aí segue a incomensurável lista de gente fútil.
São geralmente pessoas que só tem um objetivo de vida: encher o cú de dinheiro para depois esbanjá-lo com a maior ostentação possível, tais quais filhos pródigos de um capitalismo desvairado, bebericando nos bares por aí a fora e procurando um festa onde possam ver e ser vistos. Adoram espalhar mensagens bonitas sobre a preservação do meio ambiente, mas jogam lixo na rua (uma embalagem de confeito é lixo, porra), professam a defesa dos animais, mas vão pras vaquejadas ver bois serem perseguidos e puxados pelo rabo até caírem no chão, proclamam a valorização dos direitos humanos e a igualdade social, mas espalham conceitos machistas e preconceituosos e discriminam outras pessoas pelo nível de renda.
É assim, sob o invólucro de preocupação com as mazelas do mundo e deficiências da cidade, por exemplo, que alguns até tentam se aventurar pela Política Partidária para se promover, enquanto que na verdade acabam redundando no objetivo do início do parágrafo anterior: encher o cú de dinheiro. Sim, porque demonstração sincera de preocupação com a cidade nunca vi destes.
Mas o pior de tudo é ver pessoas mais lascadas que esses miseráveis cair no mesmo erro de querer ostentar algo inexistente. Entre esses pobres coitados figuram, por exemplo, aquelas mães que se orgulham em dizer que a filha namora um “demente descendente de pessoas importantes” da cidade. Como se boas qualidades fosse passadas por atavismo. E lá está o indigente chifrando a iludida nos quatro cantos da região oeste onde tiver uma lata batendo. Mas tudo bem, melhor do que um pobre lascado trabalhador que a ame e respeite, afinal, quem precisa dessas coisas quando se tem dinheiro? (Antes que maldem, não, eu não passei por isso, mas sim, sou um pobre lascado trabalhador que ama e respeita uma pequena).
Há também aqueles que eu chamo de “água e óleo”, pois não se “misturam” com qualquer pessoa. Não mesmo, somente com quem pode lhes render alguma fama ou status. São do tipo que não possuem porra nenhuma na vida mas se matam para comprar roupas de grife porque tem vergonha das etiquetas da Riachuelo e C&A. Quer fazê-los morrer do coração? Dê uma sacola destas marcas para eles carregarem.
São todos uma horda de ágrafos que nunca ouviram a palavra altruísmo na vida e se julgam de uma “estirpe superior”. São tantos estereótipos inúteis! Enquanto alguns permanecem na inanição em completo estado de abulia, outros se mexem com a motivação errada.
Numa época em que o ensino superior é tão difundido no nosso país, com mais medo eu fico dos profissionais que estamos formando e a cada dia eu vou perdendo mais a confiança no ser humano. Estou as beiras de me tornar um misantropo. Eu vou parar por aqui antes que eu enfarte de raiva. Isso é o que dá escrever estressado e sob pressão de ter que postar algo para o mês não passar em branco. Assim como as outros textos, mas este em especial, podem desconsiderar.
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