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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dulcivan Teodoro prova que D. Pedro I não foi tão heróico quanto pintam:

Independência foi menos romântica
"Por falar em comemoração da Independência e principalmente sobre o quadro que retrata uma suposta independência lembrei-me de escrever algumas linhas sobre esse assunto: O quadro em destaque foi pintado por Pedro Américo em Florença, na Itália, entre 1886 e 1888. Observe que a data oficial da Independência é 07 de setembro de 1822. Sobre a tela de Pedro Américo paira também uma suposto plágio: a estrutura da cena é muito semelhante à do quadro “1807, Friedland”, de Ernest Messonier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome. Lembrem-se de que Portugal só reconheceu nossa independência oficialmente em 29 de agosto de 1825, através do Tratado de Paz e Aliança intermediada pelos ingleses no qual segundo esse acordo, o governo brasileiro deveria pagar uma indenização de dois milhões de libras esterlinas para que Portugal aceitasse a independência do Brasil. Além disso, Dom João VI, rei de Portugal, ainda preservaria o título de imperador do Brasil. Como o Brasil não tinha condições de pagar tal indenização estabelecida pelo tratado de 1825. Então,os ingleses emprestaram os recursos que asseguraram o pagamento deste valor que nem chegou a sair da própria Inglaterra, já que os portugueses tinham que pagar uma dívida equivalente aos mesmos. Voltemos ao quadro. Nele podemos ver nosso imperador erguendo a espada num gesto de desafio, apoiado por civis e tropas que o seguem. Por mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade. No livro “O Brado do Ipiranga”, a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira, faz uma análise detalhada da pintura, evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. É interessante apontar, as diversas inverdades estampadas na tela. Para começar, vale dizer que os fogosos corcéis montados por dom Pedro 1o e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas – um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam, pois tinham acabado de subir a serra do Mar, vindo de Santos e como numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados e sim trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos de pó e de lama do caminho. Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor “desviou” o curso do riacho. A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local. Finalmente, quanto à casa de pau-a-pique vista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito.

A minha conclusão não é descaracterizar ou inferiorizar essa data e o que se sabe sobre ela, mas tão somente de levar um conhecimento mais abrangente e enquanto cidadãos ficarmos atentos ao que se publica diante da chamada História oficial, uma vez que quase sempre a redação oficial não traduz a realidade dos acontecimentos.

Por fim informo que algumas partes da matéria foi extraída do endereço: educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u25.jhtm, como suporte para maiores informações"

* Dulcivan Teodoro é Historiador

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