*Simone Cabral
A exposição fotográfica “Direito à Memória e à Verdade – A ditadura no Brasil 1964 - 1985“ faz parte de um conjunto de ações e atividades do projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, que tem como objetivo recuperar e divulgar fatos e acontecimentos da história social e política brasileira durante o período da ditadura (1964-1985). Essa exposição teve início em 2006, cuja abertura foi no hall da taquigrafia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Eu estive lá, por ocasião da minha participação no Congresso Interamericano de Educação em Direitos Humanos. O evento foi aberto pelo Presidente Lula e teve a participação de várias autoridades internacionais e grandes nomes nacionais como o da Filósofa Marilena Chauí, encerrando o evento.
De volta a Pau dos Ferros-RN, onde sou professora da UERN, tive oportunidade de compartilhar, debater e discutir com meus alunos as fotos que tirei da exposição, articulando com o conteúdo em sala de aula. Naquele período eu ministrava a disciplina História da Educação Brasileira no curso de Pedagogia. Não poderia ser mais oportuno. E com aquelas fotografias que mostravam imagens de tanques de guerra, militares na frente do Congresso Nacional, passeatas estudantis, resistência dos diversos movimentos sociais e culturais, os grandes comícios populares das “Diretas Já”, censura de documentos, perseguições, torturas, violência e prisões, apresentadas de forma cronológica e expostas em grandes painéis, senti-me, realmente, dentro dos acontecimentos. Como mesmo a exposição sugere, “sua ambientação visual conduz o público em uma espécie de viagem no tempo”.
O que então me traz de volta o relato dessa experiência? Porque traz lembranças dos que viveram, e, principalmente, porque disponibilizar um conhecimento como esse, é contribuir para construção de instrumentos eficazes que possam garantir que esse passado, chamado de “Anos de Chumbo”, não se repita nunca mais, como sugere a exposição. Parte dela está em Natal, no Centro de Convivência da UFRN, que pude rever hoje. Até quando? Infelizmente não sei. Foi divulgado? Se sim, pouca gente soube. Aliás, a mídia não tem dado visibilidade necessária as ações que dizem respeito à promoção e defesa dos direitos humanos.
Os noticiários tem limitado essa temática aos aspectos da criminalidade e da violência. A mídia, por exemplo, não deu visibilidade suficiente às atividades realizadas em função dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em dezembro de 2008 e não está dando aos 30 anos da Lei de Anistia que se comemoram esse ano, promulgada em agosto de 1979. Ainda que tenham limites, essas leis representaram uma abertura para o exercício democrático e precisam ser conhecidas e debatidas por todos.
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