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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Guará: bônus (moeda de troca local)

Ana Morais portando Gr$ 2,00

Banco Comunitário Quilombola


GUARÁ: MOEDA DE TROCA, EMPREENDIMENTO SOLIDÁRIO


*Simone Cabral


Em se tratando de economia solidária e políticas de ações afirmativas, uma das experiências mais significativas que pude conhecer foi o Banco Comunitário Quilombola no município de Alcântara no Maranhão. Isso mesmo. O Banco fica no município mais conhecido por sediar o Centro de Lançamento Espacial Brasileiro, do que pelo seu patrimônio histórico e cultural.

Atualmente, o Centro está desativado em função da explosão em 2003. Aliás, lá ninguém está autorizado a falar sobre o assunto. Eu ainda ousei perguntar, uma vez que não vi nada a respeito. A resposta foi um certo silêncio seguido de um gesto do nosso guia que dava a entender: “feche o bico!”. Obedeci. Afinal, havia uns guardas por perto e eu estava em terras alheias. Deixei o assunto para conversar em terreno mais neutro. Mas nada de novo foi dito pelo guia. Apenas reforçou a teoria de sabotagem.

Dessa visita, valeria a pena também uma discussão sobre os impactos da construção do referido Centro para as comunidades rurais e quilombolas do município, já que estas foram realocadas de suas comunidades para viverem em agrovilas. Porém, dado aos nossos limites, não nos deteremos nessa questão.

Vamos, enfim, à discussão sobre o Banco que funciona mais ou menos assim: o banco emite um bônus chamado Guará (ave de cor vermelha típica da região) equivalente a uma moeda de troca, que só pode ser utilizado como meio de bonificação na aquisição de mercadorias e serviços e empreendimentos solidários associados ao Banco. O valor de 01 bônus é de R$ 1,00.

Ao comprar utilizando essa moeda local, contribui-se para fortalecer as atividades produtivas de base associativista e cooperativista das comunidades quilombolas, bem como, a outras, que a ele (banco) estão associadas. Cria-se assim, uma alternativa à dimensão desigual das relações de trabalho capitalista, em função de um processo de democratização econômica, em que o trabalho se transforma em emancipação humana.
Portanto, iniciativas como esta, buscam promover o desenvolvimento local e social por meio de ações ambientalmente sustentáveis e estimulam as potencialidades econômicas locais. Além de fortalecer ações afirmativas de superação de desigualdades históricas impostas às populações de comunidades remanescestes de quilombos.
Foi assim, que Ana e eu pensando conhecer o local que o homem vai para o espaço, conhecemos um espaço em que as pessoas buscam se aterrissar.

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