Jornal O Globo de 06/09/09 faz matéria mostrando ações do Projeto Dom Heldér no RN
Convivendo com a seca para mudar a caatinga
CARAÚBAS (RN) - A caatinga está mudando, graças, em parte, ao Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), parceria entre o governo brasileiro e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Fida), órgão das Nações Unidas que financia iniciativas de desenvolvimento humano em várias regiões semiáridas do mundo.
Como mostra reportagem de Letícia Lins, publicada na edição do Globo deste domingo, o projeto, implantado em 2003, está hoje em seis estados e 77 municípios. Ele contrata organizações não governamentais e entidades educativas para ensinar a comunidades do Nordeste tecnologias de convivência com o semiárido e meios de obter empréstimos de instituições financeiras. Ou seja, ensina a conviver com a seca.
CARAÚBAS (RN) - A caatinga está mudando, graças, em parte, ao Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), parceria entre o governo brasileiro e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Fida), órgão das Nações Unidas que financia iniciativas de desenvolvimento humano em várias regiões semiáridas do mundo.
Como mostra reportagem de Letícia Lins, publicada na edição do Globo deste domingo, o projeto, implantado em 2003, está hoje em seis estados e 77 municípios. Ele contrata organizações não governamentais e entidades educativas para ensinar a comunidades do Nordeste tecnologias de convivência com o semiárido e meios de obter empréstimos de instituições financeiras. Ou seja, ensina a conviver com a seca.
Respeita-se a vocação das comunidades, ou seja, a que criava cabras, mas perdia o rebanho a cada seca, melhora essa criação, por exemplo. E ensina-se a agregar valor, beneficiando o produto.
Em Caraúbas, município a 330 quilômetros de Natal, e outras 77 cidades do Nordeste, cerca de 15 mil famílias já não tentam sobreviver apenas do secular tripé milho-mandioca-feijão, que, quando muito, lhes garantia apenas a subsistência. Quando perdiam a colheita com a seca, os pequenos produtores iam para as frentes de emergência, criadas pelo governo.
Em Caraúbas, município a 330 quilômetros de Natal, e outras 77 cidades do Nordeste, cerca de 15 mil famílias já não tentam sobreviver apenas do secular tripé milho-mandioca-feijão, que, quando muito, lhes garantia apenas a subsistência. Quando perdiam a colheita com a seca, os pequenos produtores iam para as frentes de emergência, criadas pelo governo.
Agora, os pequenos agricultores sertanejos utilizam barragens subterrâneas, que não são destruídas no inverno nem deixam evaporar a água no verão, garantindo terra molhada todo o ano. Os cultivos tradicionais vêm sendo substituídos por hortas orgânicas, que significam não só mais rendimentos como uma nova cultura alimentar. Eles também vêm agregando valor à produção, ao fazer sucos, compotas, polpas congeladas e processamento da castanha de caju.
Um exemplo é a comunidade de Sombras Grandes, que não tinha água ou energia e registrava altos índices de Mal de Chagas, devido às casas de taipa. Hoje, suas 30 famílias têm luz, água encanada, chuveiro e residências em alvenaria. Elas viviam de uma atividade predatória: extrair madeira da caatinga para fazer carvão. Agora, aproveitam a água de poços perfurados pela Petrobras em busca de petróleo para irrigar hortaliças e pomares orgânicos. Criam galinhas de capoeira, produzem adubo natural, praticam a caprinocultura e vão iniciar o plantio de algodão.
- Antes aqui era só carvão e lenha, e agricultura de sequeiro (em área sem irrigação) para consumo. Não tinha casa, luz, água nem renda. Agora todo mundo tem TV, máquina de lavar roupa, geladeira, e a água não é mais do pote - afirma Naelson da Silva Medeiros, de 28 anos, presidente da associação de moradores local.
No assentamento Santa Agostinha, a 18 quilômetros do Centro de Caraúbas, as colmeias fazem a festa de 31 famílias. Além de trabalhar na produção do mel, um grupo de 24 jovens fabrica artesanalmente cosméticos como sabonetes, cremes de barbear, óleos bifásicos, sais para banho - uma atividade inédita na caatinga.
Um exemplo é a comunidade de Sombras Grandes, que não tinha água ou energia e registrava altos índices de Mal de Chagas, devido às casas de taipa. Hoje, suas 30 famílias têm luz, água encanada, chuveiro e residências em alvenaria. Elas viviam de uma atividade predatória: extrair madeira da caatinga para fazer carvão. Agora, aproveitam a água de poços perfurados pela Petrobras em busca de petróleo para irrigar hortaliças e pomares orgânicos. Criam galinhas de capoeira, produzem adubo natural, praticam a caprinocultura e vão iniciar o plantio de algodão.
- Antes aqui era só carvão e lenha, e agricultura de sequeiro (em área sem irrigação) para consumo. Não tinha casa, luz, água nem renda. Agora todo mundo tem TV, máquina de lavar roupa, geladeira, e a água não é mais do pote - afirma Naelson da Silva Medeiros, de 28 anos, presidente da associação de moradores local.
No assentamento Santa Agostinha, a 18 quilômetros do Centro de Caraúbas, as colmeias fazem a festa de 31 famílias. Além de trabalhar na produção do mel, um grupo de 24 jovens fabrica artesanalmente cosméticos como sabonetes, cremes de barbear, óleos bifásicos, sais para banho - uma atividade inédita na caatinga.
Comida Colorida e TV em Casa
Embora ainda não haja estudos sistemáticos comparando os resultados das novas práticas de agricultura familiar do semi-árido com aqueles de métodos tradicionais, as diferenças já são visíveis até mesmo na mudança da cultura alimentar. Nascido e criado na comunidade Sombras Grandes, em Caraúbas (RN), José Mariano Bezerra, 59, lembra bem das secas de 1958, 1970, 1982 e 1983, quando o pai se alistava nas frentes de emergência, a família passava necessidade, e o gado morria de fome e sede. Ele nem sabe quantas vezes perdeu os plantios de milho, feijão, mandioca e algodão. Hoje, se dedica principalmente à produção de caprinos - que convivem melhor com a seca -, aprendeu a fazer silagem para vacas e cabras.
Bezerra conta que, com as hortaliças cultivadas na comunidade, a dieta já não acontece mais só em "preto e branco", como se refere ao costumeiro feijão com farinha (ou arroz). Lembra que quando não havia luz, ninguém comprava verduras e legumes, porque elas murchavam logo. Agora, com o cultivo na comunidade, as refeições são "coloridas", como sua primeira TV, comprada semana passada.
Bezerra conta que, com as hortaliças cultivadas na comunidade, a dieta já não acontece mais só em "preto e branco", como se refere ao costumeiro feijão com farinha (ou arroz). Lembra que quando não havia luz, ninguém comprava verduras e legumes, porque elas murchavam logo. Agora, com o cultivo na comunidade, as refeições são "coloridas", como sua primeira TV, comprada semana passada.
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