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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Gandhi, líder sem mandato e sem arma
Quanto tempo leva e como se constrói uma liderança ? ... Algumas idéias para pensarmos na reforma política
* Caramurú

"Não lembro se tem mais de 5 anos que um 'paparicador' de celebridades veio me abordar na universidade de Caraúbas para apresentar a um amigo vice prefeito da região como sendo eu seu amigo, pertencente ao Governo do Presidente Lula. Cumprimentei-os e saí impressionado como aquele anti petista me usou ali para mostrar a "sua influência" uma vez que sempre fomos distantes pelas desrespeitosas maneiras com que trata as diferenças ideológicas."
Uso o exemplo acima para mostrar um tipo ainda marcante no cenário político brasileiro que calcula a liderança pelo cargo público ou pelas quantidades de vitórias eleitorais, independentemente dos instrumentos usados para viabilizar as conquistas. Aos derrotados nas urnas cabem os papéis de "não lideranças". Longe de mim, menosprezar a importância do sufrágio universal do voto democrático. A urna é um grande instrumento de participação popular, mas não o único.

Daí precisamos fazer um amplo debate sobre as lideranças políticas e como são construidas as vitórias e o imaginário popular para dá oxigenação as discussões sobre a reforma política que patina mais uma vez no Congresso Nacional. Se a sociedade não participar ativamente, nada mudará. Até porque não são todas as figuras políticas que constroem suas histórias e vitórias em processos históricos de defesas de determinadas categorias e, portanto, chegam credenciados pela legitimidade do voto livre e consciente.

Outro dia um cidadão me disse que "gostava do político que resolvia seu problema, dando um remédio ou uma cirurgia quando se fazia necessário". Tentei explicá-lo que não existiam as verbas para pagar luz, água, bojão de gás, passagem de carro ou outras benéfices pessoais. Também mostrei que até numa cidade pequena como Campo Grande se um político der R$ 10/pessoa terá que desembolsar uma média de quase R$ 100 mil por mês. Portanto, nem é possível atender a todos/as com assistencialismo e quando se age assim é porque está tirando dinheiro de rubricas coletivas para apadrinhamentos pessoais.

Acho que um líder popular se faz pelo carisma, a partir de anos defendendo e ganhando reconhecimento de sua classe. Vejo as vesperas de 2012 muitos nomes pretendendo lançar candidaturas, pensando numa vaga como oportunidade de emprego, vaidade familiar ou demonstração de poderio econômico. As vezes ganha, mas para mim este não é um líder. A legítima liderança tem o poder de empolgar outros/as para causas coletivas e não usa das pessoas de bem para se apropriar de coisas que só satisfazem os interesses pessoais. O líder é como o Lula que conquista seguidores/as. O impostor de líder é como Salomão Hayala que constrói bajuladores por força do império.

Esta reflexão que é com o objetivo de provocar os leitores e leitoras a discutirem o papel especial da política numa perspectiva que evite a transformação de políticos em heróis. Quando isto acontece geralmente é por propulsão de corrupções, em pequenas exceções são por pessoas excepcionais. É preciso que busquem na política apenas pessoas honradas, cumpridoras da missão que a sociedade espera.

Vejo neste momento um cenário empobrecedor com a falta de debate sobre a reforma política (até porque a sociedade não acredita que ela virá). No lugar do confronto de idéias qualificadas é comum ver atitudes extremas que vão de agressões pessoais no lugar de contestações de visões de mundo até paparicos bajuladores substituindo os justos elogios feitos as coisas corretas. Na nossa província costumam criarem deuses e satãs, substituindo pessoas que são de carne e osso com acertos e erros.

Mas fica aqui uma opinião embasada num olhar para a política brasileira que não parte e nem se dirige especificamente para ninguém, entretando têm nas nossas idéias muito do que vemos e vivemos nos nossos município, região, estado e país.

* Imagem ilustrativa de http://www.idadecerta.com.br/

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