Reitor Josivan Menezes e Fátima Bezerra |
CORREIO DA TARDE — O que levou o senhor a decidir ingressar na vida pública, mas especificamente a tentar viabilizar sua candidatura a prefeito de Mossoró em 2012? Quais os motivos que o levaram a optar pelo PT?
Na Universidade do Semiárido (Ex-ESAM) temos uma experiência na gestão de recursos públicos de 16 anos, metade dos quais na qualidade de gestor institucional. Tive a oportunidade de conhecer em detalhes o funcionamento da máquina pública em todos os níveis. Neste período, negociamos importantes projetos para a nossa instituição, envolvendo vários ministérios como o da Ciência e Tecnologia, Educação, Cultura, Agricultura, Desenvolvimento Agrário entre outros. Também conseguimos acumular experiência nas parcerias com os parlamentares do nosso Estado e de Estados vizinhos visando à captação de recursos via Emendas de Bancadas. Estive acompanhando o compromisso dos Governos Lula e Dilma nos últimos noves anos. Há um trabalho de implantação de programas voltados para a inclusão social. O compromisso do PT com os programas sociais foi o principal ponto que contribuiu para a minha aproximação ao partido. Quero contribuir para a evolução destes programas no nosso município e na nossa região.
A sua filiação foi bem aceita pelos petistas de forma geral? Ou ocorreu algum tipo de resistência como é comum em qualquer partido que recebe um novo filiado com status de estrela?
Eu vi o partido nascer em Mossoró no início na década de 80 quando era aluno do curso de Agronomia e de lá para cá sempre acompanhei a evolução do partido. Sempre tive aproximação com as principais lideranças locais e estaduais. Um bom exemplo dessa sintonia é o trabalho que conduzimos junto com a deputada Fátima Bezerra dentro do Congresso Nacional em cada comissão (num total de 18 etapas) o projeto de transformação da Esam em Ufersa. Não tive nenhum problema dentro do partido até o momento e temos certeza que vamos contribuir para que a militância do partido esteja sempre em unidade neste projeto das eleições de 2012 e nas seguintes. Não cheguei com status de estrela. Pelo contrário, o partido sabe que até o momento estou escutando e analisando com muita calma este processo de filiação e de indicação de pré-candidatos. Tenho conversado com o pré-candidato Assis sempre em sintonia e buscando o melhor para o partido.
Embora seu nome tenha sido cogitado para disputar a prefeitura de outras cidades de menor porte e também para vereador de Mossoró, o senhor tem dito que a única possibilidade política para 2012 é por uma candidatura a prefeito de Mossoró? O que o leva a afirmar que não quer disputar outro cargo?
A imprensa de Mossoró toda sabe que nunca neguei a intenção de ingressar na política partidária, com o desejo de contribuir mais diretamente para a implantação de projetos eficientes e vitais para a nossa região. A minha experiência administrativa nos últimos 16 anos na ex-Esam e na Ufersa, sendo metade na condição de gestor público, facilita a aproximação com o executivo. Neste sentido, recebemos convite de líderes locais (Tibau e Caraúbas) para a colocação do nosso nome à disposição da comunidade em eleições para prefeito. Em ambos os municípios percebemos que a administração municipal está em sintonia e em processo de aprimoramento de gestão e há fortes lideranças locais que teríamos que enfrentar as mesmas dificuldades, guardadas as proporções do tamanho do município, que vamos enfrentar em Mossoró ao colocar o nosso nome para o povo avaliar. Portanto, julgo que poderíamos contribuir muito para a busca de recursos federais em qualquer município, mas acredito que a situação de Mossoró é mais urgente e assim decidimos por Mossoró.
Sua filiação ao PMDB era tida como certa por muita gente, mas todos sabem que havia grande resistência por parte de alguns membros tradicionais do partido pelo fato do senhor sempre ter afirmado que sua pretensão era disputar a prefeitura de Mossoró. Isso acabou atrapalhando a sua ida para o PMDB?
Passamos três meses conversando com o PMDB sobre a possibilidade da nossa filiação partidária. Inicialmente, colocamos que a nossa disposição de filiação era incentivada pela vontade de colocar o nome à disposição para disputar a chapa majoritária. Ao longo do diálogo com as lideranças do PMDB percebemos que não havia intenção do partido de sair da situação confortável que os seus líderes têm a cada campanha política em Mossoró. Percebemos que o PMDB não estava disposto a trocar o apoio que sempre teve em Mossoró por uma situação nova. O PMDB é aliado do PT nos últimos nove anos e contou muito para a nossa aproximação. Em todas as conversas sempre fomos bem recebidos e temos um excelente diálogo com os dois principais líderes do partido no nosso RN, Henrique Alves e Garibaldi Alves. Ambos têm nos ajudado muito na luta por recursos para a nossa educação.
O fato de ter optado pelo PT e de sua obstinação em ser o candidato a prefeito do partido pode impedir que os demais partidos da base de apoio da presidente Dilma Rousseff abram mão de uma coligação com o PT?
Em nenhum momento nos colocamos com esta característica. Pelo contrário, sempre estamos dialogando e ouvindo as diferentes opiniões e posições, o que é muito salutar para o embate democrático e para manter unida a base do partido. Jamais desejarei ser motivo de conflito interno. Quero ser um elo para aprimorar os debates em torno de um grande projeto para Mossoró. O nosso compromisso é com o Partido dos Trabalhadores e com os interesses da comunidade. Não estamos trabalhando com projetos individuais. Em síntese: consideramos muito cedo fazer qualquer prognóstico sobre as possíveis coligações para 2012. Estamos chegando ao partido e nos colocamos mais na condição de ouvir e analisar.
Nas duas últimas eleições, o PT formou aliança como o PSB, tendo inclusive indicado o candidato a vice-prefeito nas eleições de 2008. O senhor acredita que hoje seria possível formar uma chapa majoritária entre o PT e o PSB? Ou formar uma chapa na condição de vice-prefeito não faz parte do seu projeto político para 2012?
O PT é o partido político mais querido no Brasil. Em nível local, desde 1982, com exceção de 2008 sempre apresentou candidato a prefeito. Acredito que chegou o momento da consolidação do partido em termos de aceitação nas urnas. Considero que o partido tem amplas condições de participar mais decisivamente das eleições majoritárias de 2012 com a colocação de uma chapa em sintonia com os demais partidos de oposição política à atual gestão municipal. Em todas as reuniões realizadas até então com as principais lideranças locais do partido tenho sido bastante claro que o nosso nome está à disposição para concorrer na condição de candidato a prefeito. Acreditamos que o partido vai amadurecer a idéia e já existe uma resolução do partido nesta direção, ou seja, apresentar uma chapa para as eleições majoritárias. Claro que precisamos muito do apoio dos partidos de oposição e isto nós estamos evoluindo a cada nova conversa.
Caso a direção do partido opte em abrir mão da cabeça de chapa para forma nova aliança com o PSB que já definiu a deputada Larissa Rosado como candidata do grupo nas próximas eleições, qual seria a sua decisão? Aceitaria ser vice de Larissa?
De acordo com declarações na imprensa do RN da presidente do PSB, a ex-governadora do Estado, Wilma de Faria, não há conexão entre as declarações dela e da deputada Larissa Rosado. A governadora deixou claro que a deputada é a candidata e a deputada afirma que o PSB ainda não tem candidato a prefeito. Portanto, conforme afirmam as lideranças locais do PSB, a candidatura da deputada Larissa Rosado ainda é negociável. Neste sentido, vamos caminhar discutindo os apoios que o PT pode contar para o próximo pleito. Estamos percebendo que as conversas estão apenas no início, o que dificulta qualquer prognóstico. Confirmada a candidatura de Larissa Rosado como já é de praxe na política local, o Partido dos Trabalhadores vai discutir internamente e chegará a um consenso. Entretanto, considero que teremos dificuldade numa composição, pois o partido já tem o professor Assis como pré-candidato e tem o nosso nome colocado à disposição também para ser pré-candidato. Se confirmada a nossa pré-candidatura, o que só desejamos se o partido continuar unido, vamos nos colocar na posição de oposição e seremos a segunda via de Mossoró.
Como assim segunda via?
Não representaremos uma terceira via, pois o que presenciamos em Mossoró é uma via segmentada em dois polos, com projetos administrativos similares para a nossa Mossoró. O nosso nome será a segunda via e o povo de Mossoró não vai mais poder dizer que não aparece ninguém com perfil diferente do modelo tradicional. Acredito que qualquer cidade deste país deseja ser administrada por um reitor emérito de uma universidade federal. Temos diversos exemplos de cidades que quando administradas por ex-reitores tornam-se exemplos de gestão municipal, como Lavras em Minas Gerais e São Carlos em São Paulo.
Se o seu nome não for escolhido candidato a prefeito pelo PT, ainda existe tempo hábil para uma nova candidatura a reitor da Ufersa?
A comunidade acadêmica sempre teve e terá o meu respeito. Jamais a colocaria na dúvida em relação a este projeto. O nosso projeto já está definido. Assinamos a ficha de filiação no PT e vamos caminhar para viabilizar o nosso nome como mais um pré-candidato a prefeito.
* Entrevista publicada no Jornal Correio da Tarde, de 13/08/2011 e imagem http://www.jailsonoliveira06.blogspot.com/
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