"Que bonito a programação religiosa em destaque" |
Forró e Baile da Rainha – Adaptação aos “Novos Tempos” ou Decadência Assumida? (Uma Visão Realista dos FATOS na Festa da Padroeira)
* A Voz de CG
*Perigo! Perigo!* Texto altamente radioativo. Contém linguagem ultrajante e obscena, heresia e violência contra a consciência. Contraindicado para menores de 90.
Dessa vez não escapo de um funeral. Eu sei, estou preparado. Já tenho lápide pronta com um bonito epitáfio que diz: “Aqui jaz um blogueiro desbocado”. Concluí até meu testamento caso se suceda mesmo o pior. Uma vez pronto, sigo escrevendo enquanto não desfaleço em direção ao mundo dos enterrados, sim, pois chamá-los de mortos é um insulto, mortos somos nós, essa geração miserável a quem não basta por fim ao meio físico e agora quer arruinar elementos intangíveis pertencentes à cultura de um povo, de uma região.
O primeiro componente da cultura a que me refiro a ser deturpado foi o velho e bom forró. Percebam que eu usei o adjetivo “velho” antes de “bom”, afinal, o que é produzido atualmente não podemos nem adjetivar de forró, quanto mais de bom.
Há algum tempo eu li uma matéria em alguma página da internet, da qual não me recordo o endereço, onde relatava a polêmica gerada pelo secretário de cultura da Paraíba, Chico César, isso mesmo, aquele do “Mama África”, em decidir não usar dinheiro público para contratar para as festividades juninas o que ele chamou de “bandas de plástico”, referindo-se a bandas de forró da atualidade que em nada tem ligação com a cultura nordestina, bandas com objetivos puramente comerciais que denigrem a imagem do ritmo que alegam levar sob o pseudônimo de forró.
A desgraça começa pelos “equipamentos” utilizados. Quando pensamos, por exemplo, em um instrumento que represente a Música Clássica logo vem à mente o Piano, assim como é a Guitarra para o Rock, o Contrabaixo para o Raggae, o Sax para o Jazz, os Tambores para Macumba... Certo, não é música, mas há quem goste. E para o Forró? Ela, claro, a sanfona, ou, para os exigentes rotulados de refratários que teimam em manter acesa a luz do candeeiro, acordeom, nome mais pomposo que representa a essência do verdadeiro ritmo. Mas quem disse que você o encontra nas bandas de forró por aí? Está mais raro que arara azul. Esses dias a gente vê uma picape de música eletrônica, mas nada de sanfona. Trocaram a zabumba pela bateria, a sanfona pelo teclado e o triangulo serve de pedestal para guitarra e contrabaixo. “JP, não seja tão radical, querido, qual o mal de se implementar novos instrumentos ao ritmo?”
Tudo bem, não nos importemos em que latas batemos a fim produzir som, vamos usar novos instrumentos, mas vamos “pelumenu” manter a raiz e essência do ritmo, caramba! Que seria... O conteúdo das canções. Rá! Agora f*%#u. Alguém pode me dizer onde estão aquelas letras que falavam sobre o sertanejo, sobre as dificuldades do homem do campo, bem como suas belezas e encantos, sobre as histórias peculiares ao povo e região de onde surgiu essa forma musicalizada de expressão? O que vemos hoje é bem diferente. Fala-se em, vamos à incomensurável lista: farra, cabaré, putaria, rapariga, cachaça e variados outros tipos de bebida, traição, pra ser eufêmico, mas é chifre mesmo, rapariga merece outra posição pela popularidade, paredão de som... Enfim, um conjunto de coisas desprezíveis que faz Luís se remexer no túmulo com seu alazão, eu aposto. Até Lady Gaga já transpuseram para o forró – pelascaridade, o que esse travesti espalhafatoso tem a ver com o ritmo?
E o tal de forró universitário? É tipo o sertanejo universitário? Eu nunca entendi esses termos. O que são essas p##@? São estudantes de música reunidos com a esperança de aprenderem a tocar algo?
Eu tenho é medo de perguntar o que ainda falta. Mas não duvidemos da capacidade criativa dos miseráveis que fazem esse tipo de coisa. Um vídeo ficou famoso na internet? Versão forroresca pra ele. Há quem diga que “as pessoas que fazem isso são muito criativas e inteligentes, só não usam suas potencialidades para algo mais proveitoso”. Olha, eu vou dizer uma coisa, você que diz isso e as pessoas que fazem essas merdas são uns ♣ no Cool. Pra mim essas pessoas são um bando de imbecis por ignorarem o mal que estão fazendo a uma cultura que não é imutável obviamente, mas que merece ser preservada. Ao menos em sua essência.
O segundo componente da cultura mencionada a ser corrompido por essa onda de atentados terroristas, – comigo é tudo no extremo, essa é a parte em que sou torturado e esquartejado pela inquisição – foi o afamado baile da rainha, que marca o fim das demais festividades na cidade, realizado no último dia de julho. Bom, pelo menos até esse ano, pois do modo como caminham as mudanças... Não vamos entrar em méritos de local onde foi realizada a festividade, mas de quem foi “convidado” para a mesma. O estilo de banda comumente requisitada para o evento fazia jus à nomenclatura de baile. Porém esse ano, um “camarada” (vamos chamá-lo assim) com indícios de quem tinha bebido um cadinho (pra ser eufêmico sempre, mas me digam que não foi somente um amigo e eu que percebemos isso) quis inovar anunciando a entrada de uma, como diria Chico César, “banda de plástico” como atração principal.
Percebam que raríssimas vezes eu faço isso, mas na minha sempre preterida opinião, entidades religiosas (igrejas, templos, terreiros ou do que chamarem) não deveriam realizar ou se envolver em atividades que fujam do “sem fins lucrativos”. Sim, pois qual o fito de contratar uma grande banda de “forró” da atualidade para tocar em um evento senão ganhar dinheiro? Você, ingênuo, que acredita com veemência na justificativa de que esse é um meio da igreja,“necessitadíssima coitada”, arrecadar recursos para se manter, pode me explicar a relação entre uma atividade religiosa em “momento de adoração e fé” e uma atividade “mundana” em “momento de pegação e mé”? Pode me explicar qual a mensagem bíblica por trás das letras que lhe “exortam” a beber até cair, cobiçar a mulher do próximo, fornicar feito desvairado, entre outras coisas contrárias aos ensinamentos e doutrinas da mesma igreja contratante dos serviços da banda? Ou ainda, consegue visualizar Jesus circulando em um ambiente com tamanha promiscuidade? Ta lá, o filho de Deus com uma latinha de cerveja na mão olhando para as dançarinas seminuas (que agora copulam dançam 80% do show de costas) e cantando “traição é traição, romance é romance, amor é amor e um lance é um lance”. Nem precisa escrever o resto da letra, a galera já sabe de cor. Agora pede pra citar e referenciar os capítulos e versículos de três textos bíblicos. Não vale Gênesis 1:1, hein! Pronto, zerei o leque de opções.
E então, esse é mesmo um meio de se levantar fundos para manter a igreja operante ou um ato desesperado para “ganho duvidoso”?
Aparentemente os únicos que ainda se importam com a programação religiosa são aquelas pessoas senis, a quem chamamos de idosos, que suportam assistir a todas as novenas. Ah, e também uma leitora chamada Milla, que comentou sobre minha matéria anterior:
“...seria algo mais importante você falar sobre a festa em si. Fui criada no tempo em que a Festa de Sant’Ana era para se cumprir promessas, agradecer, e etc. Não para ser um mercado mundano, onde homens e mulheres se desejam.”
Sigam o exemplo dela, que cumpriu promessas, agradeceu e, mais importante, não desejou homem. E nem mulher, eu espero. Uma jovem cheia de fé ou uma bem arranjada beatificada?
Já da galera jovem e descolada não se pode dizer o mesmo. Já é muito baixar o som em frente à prefeitura na hora que passa a procissão e ainda querem que vá às novenas? Por favor, né?
Já chega, me delonguei demais. Já fiz isso ano passado nessa matéria aqui: (X). Preparei esse textinho ao som Falamansa, umas das poucas representantes do “movimento” que conhecemos por forró. Aquele de raiz, que resguarda e honra a tradição. Sacas?
O que você acha, o forró está mesmo em decadência? E o Baile da Rainha? O que achou das comemorações desse ano? Comenta aqui, né pecado não, besta. Qualquer coisa você reza 56 pai nossos e 78 ave Marias e ta absolvido.
* Imagem e matéria reproduzidas do http://www.avozdecg.blogspot.com/
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