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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Modelo de cisterna de placa. No Nordeste foram construídas quase 500 mil

ASA Potiguar e Governo Federal trazem mais 90 cisternas para Campo Grande
* Caramurú

Recentemente encontrei o companheiro Fábio Fernandes nas agonais de sempre. Correndo para cima e para baixo, Fábio cumpre a missão de animar o processo de construção de 90 cisternas em Campo Grande através da Terra Viva executando recursos do Governo Federal. Elas serão construídas no assentamento Ronaldo Valência, Uberaba, Raposa, Campo de Aviação e adjacências.

Vale lembrar que desde o início do Programa 1 Milhão de Cisternas já foram construídas mais de 1.000 cisternas em CG, tendo como executora principal o Núcleo Sertão Verde.

Esse Programa é um dos mais eficientes na resolução do problema de falta de água para o consumo humano. Como se sabe, o semi-árido brasileiro tem entre as suas características as chamadas secas. Em cima delas as classes políticas conservadoras criaram a conhecida indústria da seca cujo principal objetivo era tirar proveitos políticos e econômicos da miséria de uma grande massa de homens e mulheres em troca de medidas assistencialistas. Virou hino a música do Luiz Gonzaga que dizia assim: “(...) Seu dotô uma ismola/prá um homi qui é são/ou lhe mata de vergonha/ou vicia o cidadão (...)”.

Estudiosos comprometidos com a região perceberam que a quantidade de chuva que cai é a maior precipitação de um semi-árido do mundo. Num ano de seca cai 200 mm, ou seja, chove um tambor de 200 litros por m2 e a nossa média nos anos normais é de 3 tambores de 200 l/m2 ou 600 mm por ano. E por que falta água ? Falta porque nossos solos são rasos e não tem como ela se infiltrar e porque a evapotranspiração potencial (capacidade de evaporar com o Sol) chega a 3.000 mm/ano. Quer dizer 5 vezes mais do que o que cai.

Como resolver essa conta negativa tem sido objeto de estudo, debate e prática de muitos estudiosos, agricultores e técnicos das organizações governamentais e não governamentais em fóruns, articulações do semi-árido, comunidades rurais e assentamentos. As soluções encontradas tem sido as mais diversas possíveis ao mesmo tempo que as mais baratas tem se mostrado as mais eficientes. Vejamos alguns exemplos que estão sendo implantadas em Campo Grande e região.

A água do consumo humano tem sido resolvida com uma idéia de um agricultor que inventou uma cisterna com placas pré-moldadas. Ficou mais fácil de fazer, mais barata e o seu volume de 16 mil litros se tornou suficiente para garantir água de qualidade para o consumo anual de uma família de 05 pessoas. Na nossa região, Campo Grande foi à pioneira neste tipo de cisterna com as 34 do assentamento Bom Futuro. Hoje a ASA Potiguar e parcerias como a do PDHC está ajudando a atingir a marca das 600 cisternas em nosso município, significando 9.6000.000 litros de água de chuva armazenadas para as famílias rurais.

A água do consumo animal e dos sistemas produtivos está começando a ser assegurada por meio de tecnologias simples e baratas como as barragens subterrâneas, os cacimbões, os açudes e as barragens sucessivas. Destas quero falar com mais detalhes das barragens porque elas são econômicas, de baixos impactos ambientais e democratizam as águas. Os resultados podem ser comprovados na obra do Campo de Aviação que tem garantido o plantio de capim, água para os animais e produção irrigada de frutas e hortaliças.

Essas e outras iniciativas comprovam a eficiência das pequenas obras hídricas e o crescimento da indústria da criatividade do homem e da mulher do Nordeste para encontrarem as soluções dos seus problemas e assim abrindo o caminho para a falência da indústria da seca acompanhada dos carros pipas que vão a cada ano perdendo a sua importância. Os seus coronéis encabrestam menos e o povo vai passando a viver mais feliz porque começa a ter o mínimo para a sua dignidade e a sua felicidade.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro colega Caramuru,gostaria que mostrasse em seu blog,o bonito trabalho de nossos jovens,através da Colônia de Férias do Projovem,que aconteceu nos dias 13 e 14 de fevereiro,no Loteamento São Pedro.