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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Reflexões do cotidiano

*Por Simone Cabral

Ontem, ao encontrar um colega Professor, conversamos sobre a sua satisfação em ter o seu filho na Universidade. É claro que compartilhei essa grande alegria que um dia espero sentir ao ver o meu querido Lucas também na Universidade. Mas algo me incomodou na sua fala quando comentou sobre o vestibular da UERN. Afirmou que o referido processo não é “honesto com aqueles que investem em escolas particulares para os filhos”. O professor se refere ao sistema de cotas na UERN que garante 50% das vagas para alunos provenientes de escolas públicas. Confesso que foi preciso, nesse momento, por à prova o exercício da Paciência Pedagógica, que tanto almejo e que até hoje, só conheci uma pessoa que a tem, a Profª Ana Morais (UERN). Respirei e soltei um sorrido, desses sem graça e forçado para poder assim, tecer meu comentário que foi mais ou menos o seguinte: “Nós, funcionários públicos investimos em escolas de educação básica particulares para que nossos filhos ingressem em Universidades Públicas. Sinceramente, quem é o desonesto nessa história Professor? O ensino superior sempre foi para quem teve as melhores condições para passar no vestibular e agora que estamos tentando amenizar essa desigualdade é um caso de desonestidade? Mais do que nunca é preciso corrigir isso”. Infelizmente a prosa não teve muitas delongas. O Professor reconheceu esse fato, falou da necessidade de investir nas escolas públicas que estão sucateadas, os salários defasados etc etc, em seguida, despediu-se e seguiu seu rumo.

Na verdade, a sua fala foi para dizer que o sistema de cotas serve para atestar a incapacidade do aluno da escola pública ingressar na Universidade. Interessante que ninguém dizia que o aluno da escola privada era incapaz quando a ele já era garantido a vaga em razão dos privilégios e condições favoráveis. Ao contrário: é mérito. A educação é para quem está apto e preparado.

Disso, pus-me a refletir sobre o quanto temos que avançar na discussão das políticas afirmativas de acesso ao ensino superior, quando nos deparamos com uma sociedade alheia à história da educação brasileira cujo acesso à escola sempre foi determinado pela condição e posição social. Fico ainda mais angustiada, quando tal postura parte de educadores da rede pública, que ao se tratar, do retorno individual da educação, esquecem o seu princípio fundamental: o acesso universal ao ensino.

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