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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


"TIM: morrer (de raiva) das fronteiras"


*Clayse-Anne Medeiros

Em conversa com a Profa. Leida, falamos sobre o mal funcionamento dos serviços prestados, da operadora TIM, aos seus usuários. Durante nossa conversa a mesma me falou sobre um texto do Prof. Wellington Vieira Mendes, do Departamento de Letras, Campus de Pau dos Ferros/UERN, que merece ser divulgado em nosso blog, para a nossa reflexão. Leiam:


A TIM está ruim só aqui em casa??? Estou desabafando...

Nos meus poucos encontros com a Nova Retórica, fiquei sabendo que o maior problema de um slogan é quando este pode ser contrariado, negado em si mesmo, pela própria natureza da informação, argumentação ou “verdade” que comporta.

Isso ficou mais evidente para mim com o exemplo da nova campanha dos rapazes azuis da TIM, empresa de telefonia móvel (essa qualificação é uma ironia, é que não consegui fazê-la com propriedade), cujo slogan é “Viver sem fronteiras”.

Há uma proposição retórica, considerando a qualidade do serviço (ou desserviço) prestado, mobiliza justamente uma representação contrária da campanha publicitária para o reconhecimento da operadora, em que o novo texto poderia figurar assim: “TIM: viver com fronteiras”; “TIM: Viver? Com fronteiras!”; “TIM: morrer (de raiva) das fronteiras”...

É incrível: as fronteiras se apresentam entre o usuário e seu próprio aparelho telefônico, entre o aparelho e os equipamentos que originam a chamada, entre o usuário e o serviço de atendimento – quando o primeiro tenta reclamar. As fronteiras só não aparecem no depósito de créditos (quando as linhas são pré-pagas), ou no desconto dos valores de adesão de promoções, ou ainda entre o usuário e o percurso físico da conta mensal (nas linhas pós-pagas) e no eficiente envio de novos boletos que se sucedem o não-pagamento.

De qualquer forma, vislumbro nas propagandas da TIM algumas alternativas para o usuário, quando este receber aqueles intermitentes recados (REDE OCUPADA, CHAMADA ENCERRADA, CAMINHO DO RÁDIO NÃO DISPONÍVEL): é viável pegar carona num daqueles caminhões da TIM – que aparecem na TV, guiados pelo ator Wagner Moura – a fim de que o usuário possa dar um famoso e tradicional recado. Também é possível usar bolhas azuis e disparar nos prédios/edifícios os nossos SMS (eu mudo sempre de canal quando passa esta). Quem sabe quando a Anatel cobrar uma explicação, a operadora não use a criatividade dos sinais de fumaça? (Ah, tem que ser fumaça azul, evidentemente).

Estou quase certo de que os moços da (...) “Viver sem fronteiras” ficaram naquele tom depois de semanas (ou quem sabe poucas horas) de uso insistente dos serviços, para não dizer teimoso/penoso/doloroso, ou da necessidade comum de realizar uma simples chamada.

E talvez sem me dar conta, esteja também mudando de cor, de humor e de saber...

A explicação é simples: “viver sem fronteiras” é uma promessa, uma ilusão retórica, uma ironia maior do que estas que tentei fazer aqui, uma piada sem graça de quem vende o que não tem, de quem cobra pelo que não oferece – um crime de quem lesa, sem punição!

Por último, e para não cair no esquecimento, o “Viver sem fronteiras” se associa ao “Infinity” (cacatio etc.!!!!)... Não vou nem comentar para não gastar o meu vulgar latim!

Pelo menos em Pau dos Ferros/RN, bom deve ser “Viver sem as fronteiras... da TIM”


Prof. Wellington Vieira Mendes

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