O que está procurando?

domingo, 30 de maio de 2010


Proposta "Indecente". Uma análise "despretensiosa" da educação pública brasileira.
* A Voz de CG

Vocês sabem me dizer o que estas crianças têm em comum? São de Campo Grande, são pequenas e fofinhas. Certo, mas é outra coisa óbvia também, e quem estiver pensado no que eu vou dizer vai ganhar um carro 0 km (Quem acertar me cobre depois.). Antes, vocês sabem dizer também quem é essa garotinha que está segurando a letra M? Para os mais cegos o primeiro é um menino. A garotinha fofinha do meio. Ela é a filha do nosso estimado vice-prefeito Caramuru Paiva. O que essas crianças têm em comum é que estão usando a farda da escola Ieda Medeiros, se não me engano (me corrijam se estiver errado), que é uma escola pública. “Ah, que idiota, disso a gente sabe, mas e daí?” Calma, vamos penetrando no assunto devagarzinho.

O fato que me deixou encucado é o vice-prefeito ter uma filha que estuda em escola pública. De novo vocês me perguntam: “E daí? A filha é dele, o que é que eu tenho a ver com isso? Vai dizer que ele não pode ter uma filha estudando em escola pública?” É aí que eu quero chegar meus amigos leitores. Não só pode como deve. Hoje, na minha opinião desincumbida de pretensão alguma - senão pelo ônus de carregar a infâmia da discordância por parte de alguns e principalmente dos “senhores políticos” que não aprovam a lei em trâmite - irei abordar o projeto de lei do Senador do Distrito Federal, Cristovão Buarque (PDT).

O projeto:
O projeto de número 480 foi apresentado em maio de 2007, isso mesmo, desde 2007 e até hoje aguarda parecer da Comissão de Constituição (CCJ) e Justiça do Senado, estabelece que, a partir de 2014, agentes públicos eleitos para o Executivo e o Legislativo nos estados, municípios e no DF matriculem seus queridos herdeiros nas instituições públicas. A determinação recairia sobre um universo de mais de 60mil políticos com mandato no país, entre os quais vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e até o presidente da República e seu vice.

Argumentos:
Quatro argumentos compõem a justificativa do projeto:

1º O Caráter Ético: porque, segundo senador, compromete o representante da população com a escola, que atende o povo.

2º Caráter Político: porque obriga as autoridades a voltar a atenção para o ensino de qualidade.

3º Caráter Financeiro: de acordo com Buarque, o governo evitaria perder uma receita de R$ 150 milhões por ano com a dedução no imposto de renda das mensalidades escolares.

4º Caráter Estratégico: pois o prazo é até 2014 para o projeto vigorar, seria o tempo necessário para dar fim aos problemas na educação pública do país. (nota: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)

Como ficaria a escola:

Já estou até vendo os meninos das favelas estudando com os filhos dos políticos e dizendo: "Meu pai já foi assaltante, falsificador e assassino" e o outro responde "Ah, o meu foi governador, deputado e senador."

Quando um deles colasse na prova, seria aberta uma CPI para apurar o caso, que certamente acabaria em pizza no recreio.

Teriam direito ao uso da carteira de estudante corporativa, com passagens e privilégios infinitos.

Seriam criadas disciplinas especiais, como: Matemática do Caixa Dois, Regras do Português para Enganar o Público, Educação Física e Fiscal, dentre outras.

Os filhos dos políticos iriam ganhar todas as eleições para presidente de grêmio estudantil. Onde no mandato “aprovariam leis” que aumentariam o tempo de recreio, teriam benefícios na hora das provas e trabalhos escolares bem como a rererecuperação sendo impossível a sua reprovação.

A realidade:
A proposta é simples, se não fosse o fato de que mexe com a parte da população mais intocável da face da terra, a raça política. Eu até entendo eles, afinal, que pais seriam loucos a ponto de colocar seus filhos em um ambiente tão hostil, sujeito à criminalidade, vandalismo, banheiros sujos, educadores (muitas vezes) sem formação e despreparados, chamado escola pública? Ah, estou exagerando? Pois saibam que essa é a realidade da educação pública nesse Florão da América, Iluminado ao Sol do Novo Mundo! Claro que existem bons exemplos de instituições públicas, como é o caso das escolas técnicas e universidades públicas. Mas e o ensino fundamental? E quem não consegue vaga nas escolas técnicas e universidades públicas? Vai perecer pelo pecado de não ter nascido em berço de ouro, ou de político, que como diria Silvio Santos vale mais do que dinheiro Oê?

Aliás, nas Universidades púbicas brasileiras acontece o contrário, são os mais avantajados financeiramente que ocupam a maioria das vagas e nas descargas, quer dizer, privadas é “tudo misturado”, graças a programas de crédito para estudantes e o famoso Programa de Universidade para Todos (ProUni). Não sou contra esses programas, afinal, se hoje curso uma faculdade é graças a esse último programa, que como outros, se mostrou um meio, ainda que não totalmente eficiente (pois não cobre toda demanda), de fechar o buraco que só aumenta na educação.

Em alguns países “realmente” desenvolvidos, os políticos são obrigados não por lei, mas por pressão popular a colocar os filhos em escola pública, caso contrário, seria como se estivessem assumindo que a educação pública é ruim, e como são os responsáveis por ela isso se tornaria um indicador de que nada fazem a respeito. Já com os filhos lá dentro eles lutam para que a educação seja de boa qualidade. Aqui deveria ser assim também e acrescentar a essa proposta, além de educação, a saúde, aí eu queria ver os “camaradas” enfrentar uma fila quilométrica para serem atendidos pelo SUS. Só lamento por saber de antemão que a proposta não será validada (mas não percamos a esperança), agora, espera uma para aumentar o salário ou benefícios dos parlamentares. É meus amigos, eleição chegando aí, vamos ver quem terá nas suas infinitas propostas a priorização da educação.

* Matéria reproduzida do Blog a Voz de CG

Nenhum comentário: