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domingo, 30 de maio de 2010


Quem acredita dá o exemplo! Uma antologia pessoal de pensamentos.
* A Voz de CG

Em uma de minhas matérias sobre a educação pública brasileira (logo abaixo, é só descer um pouco, não custa mais do que alguns minutos de leitura), mais especificamente falando sobre o projeto do senador Cristovão Buarque (PDT) sobre a obrigatoriedade, a partir de 2014, dos filhos dos políticos vigentes serem matriculados em escolas da rede pública, em minha abismática falha humana esqueci-me de expressar propositalmente algumas coisas que agora venho esclarecer.

Eu usei como exemplo o nosso vice-prefeito Caramuru Paiva, que tem suas três filhas matriculadas em escolas da rede pública, atitude nobre, merece os louros pela iniciativa. Já são tantas as coisas que nele admiro e essa então é inquestionável.

Eu fui aluno da escola pública Joaquim Leal Pimenta, o famoso “Ginásio” e não me lembro de ter tido professores melhores na minha vida. O que eu sei sobre cores primárias e afins eu devo a Jales e suas aulas de Artes, eu comecei a entender matemática de verdade com Dedé de Leocrício, se hoje eu sei onde fica o Azerbaijão é devido às aulas de geografia de Luíza (hoje diretora do Ieda) e o que dizer do “que dê” da professora de português Luzimar. São pessoas e lugares que estão intrinsecamente ligados à minha vida e não deixo de associar nenhuma das minhas atitudes à educação, ensinamentos e conhecimento que lá recebi. Tenho um apreço imenso e sei que a educação em Campo Grande é de boa qualidade no tocante ao ensino fundamental. Mas e o que dizer do ensino médio e a educação superior? Ta certo, a velha história de sempre, não é atribuição do município e bla, bla, bla, ledo engano quem estiver com tal abstração na massa cefálica. O município pode se preocupar e buscar melhorias junto à União. Mas o que é que o município está fazendo a respeito? Eu vejo estudantes se deslocando para cidades vizinhas para estudar, muitos deles em escola PÚBLICA. Ta, se fossem escolas particulares eu até entenderia, pois não há na nossa cidade, mas é em escolas públicas. Qual o problema que há na escola da cidade que está fazendo com que esses alunos busquem uma escola em outra cidade?

E que dizer da educação superior? Como na maioria das cidades do interior do Rio Grande do Norte a economia é movida por aquela máquina vergonhosa e miserável do salário mínimo das aposentadorias entre os comércios. Qual o retrato da educação pública brasileira e que em parte se aplica à nossa cidade também? A falta de oportunidades. Ta discordando? Então me diga qual a oportunidade de fazer um curso técnico em Campo Grande? O que atrairá uma faculdade, universidade a implantar um campus aqui? O que o município está fazendo a respeito? Que parcerias está buscando? Quais projetos está idealizando para sanar esse problema? Uma coisa é digna de nota, o cursinho pré-vestibular que é oferecido gratuitamente aos alunos interessados em estender seus conhecimentos fazendo um curso de nível superior. Há também alguns cursos superiores oferecidos na cidade, mas ainda de forma muito limitada. Por que não procurar ampliar? Há também o suporte, em forma de transporte, que é dado aos estudantes universitários que precisam se deslocar para Caraúbas. E depois de ajudar esses alunos? Que tal pensar em usá-los para realizar trabalhos e desenvolver projetos dentro do município, aplicando os conhecimentos adquiridos? Deve haver outras coisas que estão sendo realizadas às quais não tenho conhecimento, pois as informações que aqui apresento são de caráter empírico, mas muito, muito mesmo ainda precisa ser feito e tenho certeza que muito deve estar sendo pensado pelo município, resta fazer.

Nós necessitamos de segurança, bom serviço de saúde, mas a única coisa capaz de mudar nossa condição de vida é a educação. Seria bem mais fácil eu escrever aqui que foi realizada uma marcha em prol da segurança dos jovens, escrever que o asfalto novo da Via Costeira já começou a ser feito, falar sobre a copa que se aproxima, mas isso tudo é só atrativo para esquecer o que realmente importa. Eu sei o peso que carrego e as expectativas que são postas nos meus ombros. E agora, pela primeira vez eu faço algo que considero execrável, falar de mim numa página que se predispõem a algo totalmente diferente. “Ah, o garoto pobre que conseguiu cursar uma faculdade.” “Um dia no carrão, vai voltar doutor aqui”. Não faço medicina e nem tenho a pretensão de ter um “carrão”. Eu simplesmente busquei, graças a oportunidades que tive, melhorar a minha situação. Se elas existissem na nossa cidade eu jamais teria saído dela. Eu gostaria de ver sendo criadas essas oportunidades, pois eu sei que tem gente tão ou mais merecedora quanto eu em CG. Mas também não é correto ficar, como muitos, reclamando e choramingando a sua situação sem moverem um dedo para saírem da sua condição medíocre. Eu espero um dia, num futuro não muito distante, nossa cidade fazer como diz o slogan do Telecurso 2000: “Dar oportunidades iguais a quem a vida deu caminhos diferentes”. Repito para ressaltar, isso só será possível através da educação, pois ela abre portas para um mundo inteiro de coisas.

* Blog A Voz de CG

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