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segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Juventude e Renda em Campo Grande
* Caramurú
A juventude campograndense é a faixa etária no total da sua população que tem menos acesso direto a remuneração ordinária. E esse não é um público desconsiderável. De acordo com o censo demográfico do IBGE 2000 Campo Grande possui 5.409 (59,94 %) de sua população com idade igual ou inferior a 29 anos. Desta a maior concentração que corresponde a 2.050 habitantes (22.72%) está na faixa entre 10 e 19 anos.
As ações que sugeri nos textos abaixo também repercutem gerando renda para a juventude. No entanto, se faz necessário ouvir os jovens e desenvolver ações afirmativas específicas para o setor da juventude. Neste documento citaremos algumas idealizadas por nós e outras oriundas de conversas com amigos e amigas interessados/as neste tema.
Em 2005 o Projeto Dom Heldér Câmara/SDT/MDA realizou um estudo revelador sobre a juventude do Território Sertão do Apodi. Esse trabalhou foi transformado numa cartilha contendo um verdadeiro raio x construído a partir da entrevista a 432 jovens de 06 municípios da região. Entre outras coisas 86% dos jovens rurais afirmam que não pretendem abandonar a vida no campo. Apenas desejam estudar fora para depois retornarem e ajudarem as suas comunidades.
Certamente a educação deve ser o principal foco de atenção da juventude. Essa posição foi reafirmada pelos nossos leitores numa enquete onde 57,69% dos participantes consideram a educação o principal fator para impulsionar o desenvolvimento local. E para isso os jovens precisam ter as melhores condições possíveis. Somado ao reforço na educação, um breve exercício para acúmulo de experiência profissional se apresenta como uma excelente combinação para a formação humana e profissional da juventude. Neste sentido, o trabalho deve ser feito no tempo suficiente para o adolescente ir descobrindo a sua vocação e recebendo uma remuneração por aquela atividade sem nenhum prejuízo para as atividades escolares.

As bolsas de estudos nas escolas de formação técnica são boas alternativas para a concretização dessa dobradinha renda para os jovens e estudo. Um exemplo ilustrativo é a parceria da FETARN com a Escola Agrícola de Jundiaí e o Projeto Dom Heldér Câmara/SDT/MDA que já formou mais de 200 técnicos agrícolas. Durante o período de 1 ano e meio uma turma de 40 jovens recebem bolsas de R$ 100/mês e praticam as atividades agrícolas concomitantemente com o processo de aprendizagem. De Campo Grande, Roque e Joca são exemplos de beneficiados com este programa.

No nível superior tem o PROUNI que já oportunizou mais de 700 mil jovens em todo Brasil, muitos de Campo Grande. No PROUNI o Governo Federal já realiza um estímulo da mesma natureza por meio do PROUNI onde os filhos ou as filhas de pais/mães carentes recebem um aporte financeiro para seguirem suas graduações superiores. Tramita na câmara federal um projeto de lei que garantirá cotas do PROUNI para os pequenos municípios.

O estágio remunerado se apresenta como saída para a formação de mão-de-obra e acesso à renda pelos jovens. Estava outro dia relembrando os amigos que participaram do extinto Programa de Menores Aprendizes do Banco do Brasil e constatei que absolutamente todos os mais de 10 que foram beneficiados em Campo Grande viraram cidadãos de bem e trabalhadores competentes. Para não alongar os exemplos, destacamos Micivan de Freitas que hoje é funcionário da Justiça e Franciné Pimenta que é um dos maiores intelectuais de Campo Grande. O Programa tanto poderia ser retomado pelo BB quanto poderia ser seguido pelas instituições municipais, como câmara de vereadores, prefeitura e os comércios maiores.

Acreditamos que pequenas inovações nas escolas públicas pudessem ajudar o desenvolvimento de novas oportunidades para a juventude local. As idéias são muitas. O cursinh preparatório é uma realidade em nossa terra, podemos implantar brindes para os melhores alunos com passeios, presentes, etc.

As atividades socializadoras complementam esse processo de formação da juventude. Relembro que dos mais dos 20 componentes do grupo de jovens Canal Cultural todos se tornaram homens e mulheres dignos e dedicados as suas famílias. Hoje temos o Transformação e outros grupos de jovens permanecendo neste trabalho de socialização da juventude. É importante apoiar suas iniciativas no campo do lazer, do esporte, do primeiro emprego, da cultura, do meio ambiente e da política. Todas elas servirão para construir uma Campo Grande melhor.
Para concluir, é preciso entender o seguinte. Sendo Campo Grande um município onde mais da metade da sua população é formada por jovens, é preciso dedicar uma atenção super especial para que deixe de exportar jovens para fora e passe a oferecer para a região somente os produtos e as invenções geradas da força criativa do nosso povo que revela tantos talentos, mas que não tem conseguido cuidar bem deles/as.

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