Eis a matéria especial sobre este garoto Wendel

"Ser diferente é normal"

Wendel prova que ser diferente é normal

* Caramurú

Jorge Ricardo é um cidadão desempregado que cuida de 100 crianças, incentivando a cidadania pelo futebol e a religião presbiteriana. Há duas semanas fui convidado para junto com Zé Estácio assistir uma partida entre a equipe infantil masculina do Esporte e Bíblia e o time do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil da Prefeitura de Janduís.

Celeiro de craques, o time janduiense não custou a abrir o placar. De repente, entra o garoto Wendel, filho de Elástico de Beatriz de Zé de Hominho. O menino entrou mancando e logo percebi que ele tinha uma deformação no pé direito. Entendi rapidamente que para Jorge Ricardo não interessava a vitória diante de uma atividade amistosa.

Ledo engano! Wendel fez 3 dos 4 gols da vitória sobre a equipe do PETI Janduís. Depois Jorge explicou o que já estava comprovado: “Wendel é um dos nossos craques”. E eu saí com duas grandes lições num único dia: um desempregado cuidando de 100 garotos e um deficiente físico melhor do que os ditos normais. E pensei, afinal o que é ser ‘normal’ ?

Talvez a Campanha Nacional Contra o Preconceito aos Portadores de Síndrome de Down seja suficiente para dá a resposta: SER DIFERENTE É NORMAL. O jogador Garrincha explicou isto nos anos 50, 60 e 70. O limite está na cabeça, às vezes contra si e às vezes contra os outros. É comum ouvir lamentações tipo “eu não tenho condições disso”, “meu físico não permite aquilo”, etc.

Pior ainda é quando a limitação é aplicada ao próximo. O capitão Cafu foi descartado de uma dezena de ‘peneirões’ pela incapacidade para praticar o futebol. E quantos preconceitos não aplicamos aos diferentes da gente, sem darmos chances dos Wendel da vida decidirem as partidas ?

Que bom termos Jorge acreditando, lendo e escrevendo uma nova história para construção de um mundo onde caibam todos e todas, sem distinção e muito menos preconceitos.