A PAZ com A...!
Nádia Maria Silveira Costa de Melo
“É tempo de páscoa!” Eis o apelativo discurso da mídia a invadir o imaginário popular. Porém, é relevante lembrarmos que a páscoa comemorada no mundo ocidental tem uma conotação diversa da celebrada entre os judeus. Para compreendermos isso é preciso viajarmos pelas páginas do sagrado livro cristão: a Bíblia. No relato bíblico encontramos a instituição da primeira páscoa sob a orientação de Moisés, o libertador. Naquela ocasião, os judeus estavam vivendo numa situação que parecia irremediável: o cativeiro no Egito. Estavam privados de sua liberdade há 400 anos...quatrocentos...40 dezenas... 4 centenas. Nenhum daqueles judeus saberia explicar, com base em suas vivências, o que era ser um cidadão ou que significava ser um homem livre, pois nasceram escravos. Viviam sob o jugo de Faraó.
Ainda se persistirmos em nossa viagem de leitura bíblica, encontraremos a celebração da última páscoa (Mateus 26. 17-19,26-29; . Nesta última celebração já não figurava Moisés, mas Jesus, o libertador da humanidade escravizada pelo pecado. Foi durante este evento que o Mestre se despediu de seus discípulos e recomendou-lhes que celebrassem agora a Santa Ceia (Lucas 22.17-20). Esta deveria ser comemorada em sua memória até que retornasse. Esta promessa ecoa há dois milênios... não é engano Cristo voltará para buscar aqueles que conheceram, viveram e socializaram os seus ensinamentos.
Voltemos ao sentido da páscoa para o mundo judaico. Seu sentido remetia à passagem para uma vida de liberdade e para uma terra que manava leite e mel. Porém, esta conquista não foi fácil. Pois Faraó não queria ficar sem aquela mão de obra escrava. Afinal, aqueles israelitas foram os trabalhadores braçais que ergueram tijolo a tijolo as pirâmides, a esfinge e outras construções suntuosas, orgulho do Egito até os dias de hoje. Foi assim que surgiu Moisés, o menino tirado das águas e criado como sobrinho de Faraó. Moisés viveu como rei. Teve educação real. Falava diversas línguas. Era, portanto, um homem muito culto. Ele ignorava sua origem hebreia até que a descobriu. A revelação foi tão chocante que lhe deixou desnorteado. Depois da revelação, ele queria resolver os problemas de seu povo com rapidez e do seu jeito. Foi assim que para defender um dos seus, cometeu um grave erro: matou um egípcio (Êxodo 2. 11-14). Esse ato vil chegou aos ouvidos de Faraó. Este logo intentou contra a vida de Moisés que só conseguiu ver um caminho para seguir: o caminho da fuga. Lá se foi Moisés para as terras de Mídia. Ali viveu como peregrino em uma terra estranha por quarenta anos.
E, certo dia, Moisés estava a apascentar as ovelhas do sogro, guiando-as pelo deserto, quando se deparou com o monte Horebe, o monte de Deus. Ali, aconteceu algo fora do comum. Deus lhe revelou por que o havia guardado desde o seu nascimento até aquele dia. Sua vida tinha um propósito divino: ser um mensageiro de Deus no Egito, o libertador dos cativos. Desse modo, Deus instruiu a Moisés acerca do que deveria fazer e prometeu-lhe: _Eu serei contigo, não estarás sozinho (Êxodo 3.12) nesta batalha. Fundamentado na Palavra divina, Moisés retornou a sua cidade natal, o Egito. Ali chegando, sua missão era demonstrar a Faraó todas as maravilhas que havia aprendido com o Pai celeste. Além disso, deveria comunicar àquele rei que o tempo de Israel vencer havia chegado. Portanto, o rei deveria deixar o povo partir, pois iria celebrar uma festa para Deus no deserto. Faraó surpreso questiona:_Quem é o Senhor para que deixe Israel partir? Não o conheço, tampouco o deixarei ir (Êxodo 5: 2). Quanta ousadia nessas palavras faraônicas. Assim o coração do rei endureceu. Diante disso, Deus enviou a primeira praga...Faraó não obedecia. Deus enviou a segunda praga...Faraó ignorou, o poder de Deus. E assim, foram 10 pragas no Egito. Ei-las enumeradas a seguir: 1ª As águas tornam-se em sangue (ver. Êxodo 7. 19-25); 2ª peste de rãs (Êxodo 8.1-15); 3ª peste dos piolhos (Êxodo 8. 16-19); 4ª peste das moscas (Êxodo 8. 20-32); 5ª peste nos animais (Êxodo 9. 1-12) 6ª peste de úlceras em homens e animais (Êxodo 9. 8-12); 7ª peste de saraiva (Êxodo 9. 22-35); 8ª peste de gafanhoto (Êxodo 10. 12-20); 9ª trevas na terra (Êxodo 10. 21-29); 10ª morte dos primogênitos (Êxodo 11. 4,5; 12. 29,30).
Um fato que merece destaque é que após a nona praga, Deus chamou Moisés e lhe disse que não iria mais tolerar a atitude rebelde de Faraó. Agora ele agiria de um modo diferente para revelar àquele homem de coração duro quem era o Senhor Deus. Ele orienta Moisés acerca de como deveria ser realizada a primeira Páscoa. Deveriam no dia dez desse mês, tomarem cada família para si um cordeiro (caso a família fosse pequena, poderiam juntar-se ao vizinho e dividirem o animal). O cordeiro deveria ter um ano de idade e não apresentar mancha alguma. Deveria ficar guardado até o dia 14, data em que deveria ser sacrificado à tarde. O sangue desse cordeiro deveria ser recolhido e, em seguida, aspergido sobre os dois umbrais e a verga da porta de suas casas. Esse seria o sinal de livramento. Ao anoitecer daquele dia, deveriam comer a carne do cordeiro assada no fogo com pães asmos(sem fermento) e ervas amargosas (Êxodo 12. 7,8). Esse foi o cardápio pascoal. Quanto aos trajes deveriam estar com os lombos cingidos, os sapatos nos pés e o cajado na mão. Deveriam comer apressadamente, pois à meia-noite a morte assolaria todos os primogênitos cuja casa não tivesse a marca do cordeiro. E a morte dos primogênitos foi a última praga. Após ela, Faraó deu permissão para que o povo fosse embora. Quando viu o povo ir embora arrependeu-se e saiu em direção ao mar para trazê-los de volta ao cativeiro. Porém, quem estava libertando os israelitas era Deus por meio de Moisés. Faraó não cria nisso e quando estava no meio do Mar Vermelho, ele e sua comitiva pereceram cobertos pelas águas marítimas. Enquanto isso, os judeus estavam do outro lado sem ter sequer molhado os pés (Êxodo 14. 28, 29).
Na verdade, esses elementos pascoais remetem a um sentido figurado: o cordeiro que derramou o sangue para nos livrar da morte eterna é Jesus Cristo. Passar o Mar simboliza o homem que abandona uma vida sem Deus para viver segundo os padrões bíblicos. Faraó remete ao inimigo das nossas almas que não nos quer livres, etc.
Diante do que foi exposto, podemos afirmar que a páscoa ocidental parece não ter nenhuma fundamentação bíblica. Nada de coelhos, ovos, peixes ou chocolates...isso é criação do homem inventivo...talvez do homem capitalista.
Enfim, o que propomos é que celebremos a Ceia do Senhor até que Ele venha e vivamos a verdadeira Paz com A... AMOR de Cristo!
Nádia Costa é professora do Departamento de Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus de Assu.
Imagem ilustrativa: flogao.com.br
Um comentário:
Que bom amigo Caramuru vc ter postado essa explanação sobre esse tão belo assunto. Concordo com os comentarios delineados pela professora, sem duvida alguma a páscoa ocidental não tem qualquer apoio Biblico! Que Deus os abençoe!!!
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